Gorda

Sou uma mulher gorda, uma esposa gorda, uma mãe gorda, uma amiga gorda...

Sou gorda desde sempre, em épocas mais e outras menos.

A época em que fui menos gorda foi quando engravidei do meu primeiro filho, quando criança eu não era gorda assim, mas já era chamada de gorda, na adolescência me chamavam de fofinha por ser a gorda, depois de grande uns era fofeti, fofis, mais de mil nomes com o mesmo sentido...GORDA.

Hoje com 30 anos sou uma mulher gorda, casada a 7 anos com um marido gordo e com 2 filhos que fico policiando pra que não sejam gordos como os pais.

Já fiz algumas coisas pra perder peso. Na verdade fiz muitas coisas, como dietas, caminhada, hidroginástica, academia com todos os apetrechos pra perder peso. Já procurei médicos onde me receitaram remédios e com acompanhamento necessário perdi peso, cheguei a perder 12 kl e pensei Yes e agora que vou ser uma mãe, esposa, amiga MAGRA.

Engano meu e de quem acha que os remédios são a solução pra ficar magra pra sempre...se vc passar a vida toda em função dos remédios pode ser que sim ou não.

Então este ano decidi, iria mudar minha vida, meus filhos vão completar 4 e 5 anos, já são bastante independentes em coisas do cotidiano, pegar água, uma fruta ou suco na geladeira, se limpam após suas necessidades, se vestem e se calçam sozinhos....

Era hora de pensar mais na mãe GORDA. Marquei consulta com o medico e fui pra primeira consulta, já na sala de espera conheci algumas pacientes e ouvi suas historias e pude ver as mudanças que são grandes demais.

Vi fotos de uma delas antes da cirurgia e vejo como 2 meses podem transformar uma gorda em uma quase magra.

Tive a chance de conversar com uma mãe ex-gorda, após 6 meses de operada ainda está lutando pra se acostumar com o pós-operatório e todas as novidades no cardápio e no cotidiano de um ser com um novo estomago.

Estou no inicio consultas exames médicos, terapia, fisioterapia tudo que manda o cronograma do gordinho...

As reuniões com todos os médicos e muitos pacientes com duvidas alguns desistiram assim como eu estão com medo da mudança física, e o que mais assusta os gordinhos.

Meu medo maior não e a cirurgia, os primeiros 40 dias onde ficamos na dieta liquido e gradativamente introduzimos os sólidos....isso não me assusta, o que me deixa bem impactada e a mudança física.

Eu sempre me olho no espelho e gosto do meu rosto, do meu sorriso, do meu cabelo, não gostos do meu corpo. Tenho vergonha do tamanho do meu corpo. A dificuldade de encontrar roupas não me deixa tão triste, mas a dificuldade de ser mãe de sentar no chão, correr, subir de viver com os meus filhos isso e o que mais me deixa triste, de não conseguir dar 5 passos com eles no meu colo por sentir dor nas costas, nas penas, falta de ar...tudo isso por ser GORDA.

Eles me fazem querer ter saúde pra amá-los até eu morrer de velhice não de gordura.

Meu marido me ama, sinto o amor dele vivo nos olhos, nos braços, na boca, quando agente se ama eu sinto todo o amor dele.

Mas eu já não consigo me amar tanto quanto antes, a impossibilidade de realizar algumas coisas fez com que eu tomasse essa decisão de operar...optar por uma cirurgia tão radical, mas que me dará qualidade de vida pra viver feliz ao lado dos meus filhos e do meu marido.